25.12.10

ΚΑΛΑ ΧΡΙΣΤΟΥΓΕΝΝΑ!

Yannis Tsarouchis (Grécia)

FELIZ NATAL!

10.12.10

ΤΗ ΝΥΧΤΑ ΠΟΥ Ο ΦΕΡΝΑΝΤΟ ΠΕΣΣΟΑ ΣΥΝΑΝΤΗΣΕ ΤΟΝ ΚΩΝΣΤΑΝΤΙΝΟ ΚΑΒΑΦΗ

Dimitris Yeros / Grécia

TANTO FITEI (1917)

Tanto fitei a beleza,
que minha visão dela está repleta.

Linhas do corpo. Lábios vermelhos. Membros sensuais.
Cabelos como que tomados de estátuas gregas;
sempre belos, mesmo que despenteados,
caindo, um pouco, sobre as frontes brancas.
Rostos do amor, como os quis
a minha poesia.... nas noites de minha juventude,
em meio as minhas noites, às escondidas, encontrados......

Konstandinos Kavafis / Grécia
Tradução: R. M. Sulis, M. P. V. Jolkesky, A. T. Nicolacópulos

**********

A noite em que Fernando Pessoa conheceu Konstandinos Kavafis
Uma estranha, mas possível e muito curiosa hipótese, foi-nos recentemente apresentada por Stelios Haralambopoulos no documentário A Noite em que Fernando Pessoa Conheceu Konstandinos Kavafis a bordo do navio Satúrnia, em viagem para o “Novo Mundo”.. Não se trata de uma mentira, ou de um erro de investigação, mas de uma hipótese à maneira pessoana, de mais um desdobramento, um jogo para compreender o outro ficcionalmente. A história deste encontro improvável, entre dois dos maiores poetas do século XX, é contada por Vasilis Kapopoulos. O seu nome foi encontrado num manuscrito inédito de Fernando Pessoa e também numa lista de nomes a quem Kavafis enviava habitualmente os seus poemas.
Entretanto, é descoberto o seu diário e com ele a história que dá nome ao documentário. Kapopoulos, à semelhança do leitor anónimo, podia nunca ter existido, embora tenha um papel fundamental na construção desta história. Na realidade, o que se propõe com isto, para além das apresentações individuais dos dois poetas, é uma forma de os pensar em conjunto, com todos os paralelismos que daqui possam surgir.
Konstandinos Kavafis nasceu em Alexandria a 29 de Abril de 1863 e morreu na mesma cidade, aos 70 anos, no dia do seu aniversário. Era o filho mais novo de nove irmãos, todos rapazes. A família viaja para Inglaterra em 1872, onde permanece por um período de cinco anos, antes da partida para Constantinopla e o regresso definitivo a Alexandria, em Outubro de 1885. Nesta cidade ou em Lisboa, Kavafis e Pessoa, tiveram infâncias semelhantes. A morte prematura dos pais, as viagens constantes, a educação inglesa na África do Sul ou em Inglaterra, em suma, o tempo, com o que ele implica, passado longe de casa. Depois, uma fixação à terra, expresso de modos diferentes no patriotismo de cada um – numa mesma mitificação de país perdido nos dois. Há ainda a sexualidade, a organização em torno de um eu poético e de um eu real, convergindo de forma diferente, mais ou menos erótica (ou homoerótica e até bissexual, no caso de Álvaro de Campos) em cada um deles. “Não me manietei. Dei-me totalmente e fui./Aos deleites, que metade reais,/ metade volteantes dentro da minha cabeça estavam,/fui para dentro da noite iluminada./E bebi dos vinhos fortes, tal/como bebem os denodados do prazer.” (K.K) Em Fernando Pessoa, há um erotismo diferente, “acima das circunstâncias eróticas”, como escreveu Jorge de Sena.
Mas há também, para contrariar isto, os poemas ingleses, Epithalmium e Antinous, que, na verdade, são as excepções obscenas e misóginas, mas também homossexuais, de uma vida quase sempre repleta de renúncia e privação platonizantes. Tal como Kavafis, Pessoa também parece, na grande maioria das vezes, “tingido de indiferença de tudo aceitadora” (Joaquim Manuel Magalhães) mas o que num é castidade, máscara e frustração, no outro é apenas desejo, afecto ou erotismo. Ao contrário de Kavafis, “Pessoa nunca terá podido ou sabido conciliar inteiramente, de forma para ele próprio clara, inequívoca e decisiva, as suas relações internas de “anima” e “animus”, a sua dialéctica psíquica dos princípios feminino e masculino, e daí os recalques, as simulações, o excessivo pudor, as metáforas sobre metáforas e metáforas…” (António Quadros).
De qualquer forma, era noite cerrada. Kavafis e Kapoupolos conversavam sobre Alexandria, quando a figura estranha, magra, meio pálida, meia enferma de Fernando Pessoa, aparece. É Álvaro de Campos, o poeta da Ode Marítima que Kapopoulos conhecera e com quem conversara naquele dia, pela manhã. Mas agora, neste segundo encontro, Pessoa diz ser Fernando e não Álvaro, tal como era frequente acontecer com Ofélia, para exaspero desta. E vemos Kavafis, enleado, libertando-se. Parece que recorda segredos, indícios de um tempo passado, um silêncio arquétipo de que, em suma, consiste a sua sensibilidade. Tem os olhos cheios de uma luz secreta, como se esperasse uma visitação. “Que eu me detenha aqui. E que também eu veja um pouco a natureza./ De um mar da manhã e de um céu sem nuvens/ roxas cores brilhantes e margem amarela; tudo/ belo e grande iluminado.” (K.K) Pessoa, numa semelhante atemporalidade, fixa-se num eu que desapareceu algures “no realizado – uma seriedade integral no escrito” (F.P) depois da multiplicidade das máscaras.
Um e outro envelheceram, foram por caminhos diferentes, e acontece que não se encontraram. No final, a bordo do Satúrnia, já é manhã e os dois poetas vão olhando o horizonte, numa espécie de intimidade final, como se ainda fosse possível conhecerem-se. É uma ficção, mas é como se não fosse. (revistaobscena.com)

25.11.10

ΓΡΗΓΟΡΑ ΠΕΡΑΣΕΝ Η ΩΡΑ

Dimitris Yeros (Grécia)

Desde as nove

Meia-noite e meia. Rapidamente passam as horas
desde as nove em que acendi o candeeiro,
e aqui me sentei. Estava sentado sem ler,
e sem falar. Falar com quem
totalmente só nesta casa.

O simulacro do meu corpo novo,
desde as nove em que acendi o candeeiro,
veio e encontrou-me e lembrou-me
fechados quartos com aromas,
e prazer passado - que prazer valente!
E trouxe-me também diante dos olhos,
ruas que se tornaram agora irreconhecíveis,
sítios cheios de movimento que findaram,
e teatros e cafés e era uma vez que o tempo tem.

O simulacro do meu corpo novo
veio e trouxe-me as tristezas também;
lutos de família, afastamentos,
sentimentos de gente minha, sentimentos
tão pouco apreciados dos mortos.

Meia-noite e meia. Como passam as horas.
Meia-noite e meia. Como passam os anos.

Konstandinos Kavafis /Grécia
Konstandinos Kavafis: Poemas e Prosas (Relógio d'Água, 2005)
Tradução de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis


Círios

Os dias do futuro se erguem à nossa frente
como círios acesos, em fileira -
círios dourados, cálidos e vivos.
Os dias idos ficaram para trás,
triste fila de círios apagados;
os mais próximos ainda fumaceiam,
círios pensos e frios e derretidos.
Não quero vê-los, que me aflige o seu aspecto.
Aflige-me lembrar a sua luz de outrora.
Contemplo, adiante, os meus círios acesos.
Não quero olhar para trás e, trêmulo, notar
como se alonga depressa a fileira sombria,
como crescem depressa os círios apagados.

Konstantinos Kavafis /Grécia
Konstantinos Kaváfis: Poemas (RJ, Nova Fronteira, 1990)
Trad. de José Paulo Paes

******

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
(...)
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
(...)
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
(…)

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

10.11.10

ΤΑ ΚΡΥΜΜΕΝΑ

Lukás Samarás (Grécia)

Segredos

De tudo o que fiz de tudo o que dissse
não procurem descobrir quem fui.
Havia uma barreira que transformava
minhas ações e meu modo de vida.
Havia uma barreira que me parava
nas muitas vezes em que ia contar.
Das minhas ações mais insignificantes
e meus escritos mais velados-
só de lá me sentirão.
Mas quiçá não valha à pena gastar
tanto cuidado e tanto esforço para me conheceram.
No futuro –numa sociedade mais perfeita-
algum outro talhado como eu
decerto aparecerá e livremente fará.

Konstantinos Kavafis (Grécia)
Tradução: R. M. Sulis, M. P. V. Jolkesky, A. T. Nicolacópulos

******

Yet will our presence, like eternal Morn,
Ever return at Beauty's hour, and shine
Out of the East of Love, in light to enshrine
New gods to come, the lacking world to adorn.

Contudo irá nossa presença, como eterna Aurora
Sempre retornar à hora da beleza, e brilhar
Do Oriente do Amor, e em luz ensagrará
Novos deuses a vir, que o falho mundo adornem.

Fernando Pessoa : Antinous (1915)

25.10.10

CHE FECE... IL GRAN RIFIUTO

Lukás Samarás (Grécia)
.

Che fece ... Il gran rifiuto (1901)

Para algumas pessoas há-de chegar o instante
em que têm que dizer o grande Não ou o grande Sim.
Nessa altura se mostra qual delas tem dentro de si
pronto o Sim, qual o diz e logo segue adiante

do seu valor segura, e da sua certeza.
Quem nega não renega. E à pergunta, repetida,
"Não" diria. Porém durante toda a vida
aquele "Não" tão certo lhe há-de ter a vida presa.

Konstantinos Kavafis (Grécia)

******

Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro
–Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.

Fernando Pessoa [Na Noite Terrível, 1928]

10.10.10

TEIXH

Dimitris Yeros (Grécia)

MUROS

Sem compaixão, sem decoro, sem planejamento
Ao meu redor construíram muros altos de repente.

E agora quedo-me desesperado aqui dentro.
Nada mais penso: esta sorte devora minha mente;

porque muitas coisas tinha para fazer lá fora.
Ah como não percebi quando os muros construíam.

Mas ruído ou som de pedreiros não ouvira outrora.
Do mundo imperceptivelmente me excluíram.

Konstantinos Kavafis (Grécia)
Tradução: R. M. Sulis, M. P. V. Jolkesky, A. T. Nicolacópulos

**********


Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.

Fernando Pessoa [Lisbon revisited]

25.9.10

ΣΤΙΣ ΜΑΚΡΙΝΕΣ ΜΕΡΕΣ ΤΟΥ 1903

Dimitris Yeros (Grécia)

A Cavafy, nos dias distantes de 1903

Nenhum tão solitário mesmo quando
acordava com os olhos do amigo nos seus olhos
como este grego que nos versos se atrevia
a falar do que tanto se calava
ou só obliquamente referia -
nenhum tão solitário e tão atento
ao rumor do desejo e das ruas de Alexandria.

Eugénio de Andrade / Portugal

Homenagens e outros Epitáfios (1974)

10.9.10

Ο ΣΕΠΤΕΜΒΡΗΣ ΤΟΥ 1903

Vangelis Kiris (Grécia)

Setembro de 1903

Que ao menos com ilusões eu me engane agora;
para não sentir minha vida vazia.
E estive tantas vezes tão perto.

E como me paralisei, e como me acovardei;
por que ficar com os lábios fechados;
e minha vida vazia a chorar dentro de mim,
e meus desejos a vestirem-se de preto.

Estar tantas vezes tão perto
dos olhos, e dos lábios eróticos,
do sonhado, amado corpo.
Estar tantas vezes tão perto.

Konstantinos Kaváfis Segredos [Edições Nefelibata, 2006]
Tradução de Roger Sulis, Marcelo Jolkesky e Apóstolo Nicolacópulos

25.8.10

ΚΕΡΚΥΡΑ


KERKIRA

Como esse cheiro a linho
que só os ombros acariciados têm
a terra é branca

e nua.

Eugénio de Andrade (Portugal)

Errikos Andreu (Grécia)

10.8.10

ΕΚΕΙΝΗ ΤΟΥ ΑΥΓΟΥΣΤΟΥ Η ΒΡΑΔΥΑ

Longe

Queria esta memória falar...
Mas apagou-se já... quase nada subsiste -
porque bem longe, nos primórdios da minha mocidade se situa.

Pele como formada de jasmins...
Aquela noite de Agosto - era Agosto? - a noite...
Quase esqueci os olhos· eram acho violetas...
Ah, sim, violetas· um violeta de safiras.

Konstantinos Kaváfis Os Poemas (1897-1914) [Edições Nefelibata, 2003]
Tradução de Roger Sulis, Marcelo Jolkesky e Apóstolo Nicolacópulos

Errikos Andreu (Grécia)

25.7.10

ΕΚΕΙΝΟ ΤΟ ΚΑΛΟΚΑΙΡΙ ΤΗΣ ΝΙΟΤΗΣ ΜΟΥ

Errikos Andreu (Grécia)

AQUELE VERÃO DE MINHA JUVENTUDE

E que é que ficou daquele verão antigo
nas costas da Grécia?
Que resta em mim do único verão da minha vida?
Se eu pudesse escolher de quanto vivi
algum lugar e o tempo que o prende,
a sua milagrosa companhia é para ali que me arrasta,
onde ser feliz era a natural razão de estar com vida

Perdura a experiência, como um quarto fechado da infância;
não resta já a lembrança de dias sucessivos
nesta sucessão medíocre dos anos.
Hoje vivo esta carência,
e apuro do engano algum resgate
que me permita olhar ainda o mundo
com o amor necessário;
e assim saber-me digno do sonho da vida.

De quanto foi ventura, desse lugar de fortuna,
saco avaramente
sempre uma mesma imagem:
seus cabelos movidos pelo vento
e o olhar fixo dentro do mar.
Apenas esse momento indiferente.
Selada nele, a vida.

Francisco Brines / Espanha
(Trad. A.M., ruadaspretas.blogspot.com)

25.6.10

10.6.10

ΠΡΑΣΙΝΟΣ ΚΥΚΝΟΣ



Fotiní Vulgaropulu (Grécia-EUA)

25.5.10

ΠΟΘΟΣ ΣΤΗΝ ΟΜΙΧΛΗ

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Katerina Marianú (Grécia): Desejo na neblina

10.5.10

ΣΤΡΕΛΛΑ


Strella (2009) Grécia
Yiorgos (o musculoso Yiannis Kokiasmenos) é libertado da prisão após 14 anos a cumprir pena por um crime que cometera na sua aldeia natal, na Grécia. Ele passa a sua primeira noite de liberdade num hotel barato da baixa de Atenas. Aí conhece Strella(Mina Orfanou), uma jovem prostituta transsexual. Passam a noite juntos e depressa se apaixonam. Mas o passado depressa vem assombrar Yiorgos. Com Strella do seu lado, ele tem de procurar novas saídas. Uma extraordinária e fascinante relação, uma tragédia grega pós-moderna sob as luzes brilhantes de Atenas, a narrativa de Strella é o tipo de história contada ao final de uma noite, uma lenda urbana. Histórias que normalmente incorporam um elemento de consciência colectiva, com referências directas a mitos e arquétipos - aqui, da cultura Grega. E é disso que são feitos os heróis deste filme: Gregos, vivendo num país entre a antiguidade e a contemporaneidade, onde a necessidade de uma nova identidade europeia e de um novo sistema de valores é mais pesada que nunca. Dividida entre oriente e ocidente, a Grécia procura rever a sua herança cultural, sem preconceitos, ensaiando o seu lugar no futuro.
O filme conquista o espectador pelas surpreendentes interpretações, além das abundantes cenas de nudez e sexo e de Maria Callas na trilha sonora, acentuando o tom melodramático da fita.
Orfanou é transexual na vida real e este filme marca sua estreia como atriz.

Diretor: Panos H. Koutras
Roteiro: Panajotis Evangelidis, Panos H. Koutras:
Elenco: Mina Orfanou, Yannis Kokiasmenos, Minos Theoharis
Música: Michalis Delta
113 min.
.

25.4.10

ΤΟ ΓΑΛΑΖΙΟ ΦΟΡΕΜΑ


Vestido azul (2005) Grécia
A viúva cuida dos três filhos, mas tem um fraquinho por seu único filho. Os primeiros sinais da peculiaridade do filho aparecem desde o início: uma ruptura com modelos sociais e amizades com pessoas do mesmo sexo. Sua paixão pela dança leva-o à Paris e suas paixões para as relações bissexuais. Anos oitenta: Seu fracasso como artista e da deterioração da sua relação com a mãe o leva a decisões extremas: trabalhando como dançarino em um clube de travesti, depois é preso e faz operação de mudança de sexo. Sua mãe tem dificuldades em acompanhar as mudanças na sua vida. Anos noventa: Os sonhos de felicidade que ele não tem. O final é tragicamente libertador.
Diretor: Giannis Diamantopoulos
Elenco: Rania Ekonomidou, Yorgos Nanouris, Maria Eglezaki, Elektra Nikolouzou, Markella
105 min.
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10.4.10

ΑΓΓΕΛΟΣ


ANJO (1982) Grécia
Anguelos é um jovem homossexual que vive suas preferências sexuais discretamente, num meio social limitado e hostil. Sua vida começa a mudar ao se apaixonar por Mihalis, um homem experiente, que poderá tirá-lo de um contexto familiar que inclui um pai alcoólatra, uma mãe histérica e uma irmã paralítica. No entanto, o que parecia um sonho se torna um pesadelo: o amante o obriga a se travestir e a se prostituir, colocando em uma situação em que a tragédia é inevitável.
diretor: Giorgios Katakouzinos
roteiro: Giorgios Katakouzinos
fotografia: Tassos Alexakis
música: Stamatis Spanoudakis
elenco: Michalis Maniatis, Marie Alkeou, Caterina Helmi
Longa-metragem - 120 min.
.

25.3.10

"2"







“2” (2006)
Dimitris Papaioanu (coreografia)
Konstantinos Vita (música)

10.3.10

ΜΝΗΜΗ ΑΙΣΘΗΤΙΚΗ ΑΓΟΡΙΟΥ ΤΗΣ ΙΩΝΙΑΣ


Orofernes

OROFERNES

Orofernes é quem vês na moeda
meio risohno,
vulto fino y convidativo.
Seu pai foi Ariárates.

Infante, expulsaram-no da Capadócia;
longe do mega solar avoengo,
foi parar na Iônia, onde deixaram-no crescer:
que fosse um joão ninguém entre estrangeiros!

Ah! Inolvidáveis noites jônias!
Sem paúra e nos moldes helênicos,
teve acesso ao hedonismo pleno.
Seu coração batia em asiático,
mas, nas atitudes e na linguagem, era um grego.
Apliques turquesas na indumentária grega,
do corpo efluia o jasmim mais puro.
Destaque pela fermosura, pelo ideal,
entre a mocidade jônia, a mais garbosa.

Fizeram-no basileu,
durante o ingreso sírio na Capadócia.
Foi quando passou a renovar, dia a dia , seu desfrute,
obcecado acumulador de ouro e prata,
por puro regozijo e pavoneamento:
vislumbre do ofuscante acúmulo da fortuna!
Desconhecia as reais condições do país, alheio ao livro-caixa,
ignorava o sucedido a um palmo da vista.
Não tardou para os capadócios destituírem-no.
Desceu à Síria, instalou-se no palácio,
de Demetrio, onde deu vazão a seus pasatempos

Imerso no ócio de um dia qualquer,
pensamentos esquisitos aturdiram-no.
Rememorou: pelo lado materno Antioquida,
e pela centenária Estratonice,
algo da coroa da Síria lhe pertenecia;
era praticamente un selêucida.
Não mais luxurioso e divagante,
embora inábil e meio zonzo,
buscava uma saída,
um estratagema, um plano,
mas fracassou, reduziram-no a pó.

Em alguma página deveconstar seu epílogo;
ou a histrora (sávia!) o suprimiu,
tão pouco afeita ao registro de insignificâncias.

Orofernes é quem vês na moeda.
Seu legado: o fascínio da lindura juvenil,
a forma poética de um fulgor,
A remoração estética de um moco jônio.
Ei-lo, Orofernes, filho de Ariárates.

Konstantinos Kavafis: 60 poemas
Tradução: Trajano Vieira (Ateliê, 2007)

25.2.10

ΟΙ ΑΓΙΟΙ ΣΕΡΓΙΟΣ ΚΑΙ ΒΑΚΧΟΣ

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São Sergio e São Baco
Sergio de Resapha e Baco de Barbalissus, gregos da época romana, militares no exército do imperador Cesar Maximiano, viviam em Coele, Síria, perto de Comana em Cappadocia (província romana), no início do século 4 dC.
Sergio foi comandante (primicerius) da escola de recrutas Arabissus, composta de bárbaros, chamada de Schola Gentilium (Escola dos Pagãos), e Bacchus era seu subalterno (secundarius), seu auxiliar direto.
Manuscritos gregos revelaram que foram abertamente homossexuais e que eram ‘erastai’ (amantes). Estes manuscritos estão em várias bibliotecas européias e indicam a atitude inicial do cristianismo em direção a homossexualidade, de forma diferente do que eles pregam hoje.
Seus nomes são invocados em cerimônias de união entre casais do mesmo sexo, casamento aceito e respeitado por direito divino e humano na Europa cristã na época em que viviam.
Convertidos ao cristianismo, Sergio e Baco não estavam presentes quando o imperador foi fazer um sacrifício a Zeus e Júpiter. Quando chamados por Maximiano que, para testar a sua lealdade, ordenou-lhes a participação nos ritos pagãos de sacrifício, Sergio e Baco se recusaram e assumiram sua fé cristã. A punição foi terrível.
Foram despidos e vestidos com roupas femininas e exibidos pelas ruas da aldeia. Flagelados com chicotadas, Bacco logo morreu, Sergio foi levado para Resapha (Síria) e suportou intensos sofrimentos, caminhando quilômetros com os sapatos forrados com pregos afiados e finalmente foi decapitado. Ambos foram enterrados nos arredores da cidade de Resapah.
Na Idade Média
Os dois foram suscitados em cerimônias para abençoar casais homossexuais.
Na Síria
Após a canonização, o Imperador Justiniano construiu, em honra de Sergio, igrejas em Constantinopla e Acre. A primeira foi transformada em mesquita e tem em seu interior raros exemplares da arte bizantina. Sergio foi nomeado patrono da Síria.
Na Igreja ortodoxa
No Monte Sinai, no Mosteiro Ortodoxo de Santa Catarina, mandado construir pela Imperatriz Helena de Bizâncio, são encontrados ícones de São Sergio e São Baco representados lado a lado, segurando, juntos, uma cruz. Em 2000, o Papa João Paulo II visitou o local.
O fato é que São Sérgio e São Baco, mártires da Igreja, viraram ícones do movimento gay, inspirando artistas. Suas imagens servem à defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo, cujas cerimônias são seladas com a leitura da oração dos dois santos.
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Eles têm até um dia, os jovens amantes são venerados na liturgia bizantina em 7 de outubro.

Oração pronunciada durante o matrimônio religioso entre pessoas do mesmo sexo
Pantaleimon 780 del Monte Athos, século XVI – grego
Ó Senhor, nosso Deus e Governante, que fizeste a humanidade à tua imagem e semelhança, e lhe deste o poder da vida eterna, que aprovaste quando teus santos apóstolos Felipe e Bartolomeu se uniram, juntos não pela lei da natureza e sim pela comunhão do Espírito Santo, e que também aprovaste a união de teus santos mártires Sérgio e Baco, abençoe também a estes servidores N e N, unidos não pela natureza mas pela fidelidade. Permite-lhes, Senhor, amarem-se um ao outro sem ódios e poder continuar juntos sem escândalos, todos os dias de suas vidas, com a ajuda da Santa Mãe de Deus e de todos os teus Santos, porque teu é o poder e o reino e a glória, Pai, Filho e Espírito Santo.

Defensores da igreja acusaram Boswell de forçar a barra em seus estudos sobre os arquivos históricos da igreja. O livro era visto como panfletário, ou seja, interessava à militância homossexual forjar santos gays. Quem apoiou o historiador dizia que a igreja adulterou os arquivos antigos para esconder registros sobre a homossexualidade dos dois. (lesboworldblog.blogspot.com)
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+ Informação:
Mosteiro e Igreja de São Sérgio e São Baco - Malula, Síria

10.2.10

ΕΡΩΣ. ΑΠΟ ΤΗ ΘΕΟΓΟΝΙΑ ΤΟΥ ΗΣΙΟΔΟΥ ΣΤΗΝ ΥΣΤΕΡΗ ΑΡΧΑΙΟΤΗΤΑ

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"Os gregos eram tudo menos hipócritas", a frase é de Nikolaos Stampolidis, director do Museu de Arte Cicládica, na Grécia, e foi dita ao "The Guardian" durante a inauguração de uma exposição que reúne perto de 300 objectos de arte clássica que têm em comum apenas um tema: o sexo na Grécia antiga.
“ [Os gregos] tinham uma sociedade de grande tolerância e ausência de culpa", explica o responsável pela exposição. "Tinham aquilo que eu chamo de equilíbrio."
A exposição monumental junta 272 objectos de mais de 50 museus internacionais que datam desde o século sexto antes de Cristo, até ao século quarto depois de Cristo.
"O conceito de Eros - o amor - era muito amplo nos tempos antigos", disse o arqueólogo ao jornal britânico. "O desejo sexual, naturalmente, fazia parte, mas Eros era mais do que isso, era uma força unificadora que englobava o desejo de alguém, ou mesmo de nada."
A exposição surge, assim, como uma tentativa de definir a evolução do conceito de Eros. Dividida em nove partes, a exposição percorre a época em que Eros era visto como um Deus poderoso, até à época do Império Romano, quando, "menos poderoso, e sob o nome de Cupido, se tornou uma mera companhia de Venus", escreve o "The Guardian". (ionline.pt)
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+ Informação:
http://eros.fabulous.gr/

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