Orofernes
OROFERNES
Orofernes é quem vês na moeda
meio risohno,
vulto fino y convidativo.
Seu pai foi Ariárates.
Infante, expulsaram-no da Capadócia;
longe do mega solar avoengo,
foi parar na Iônia, onde deixaram-no crescer:
que fosse um joão ninguém entre estrangeiros!
Ah! Inolvidáveis noites jônias!
Sem paúra e nos moldes helênicos,
teve acesso ao hedonismo pleno.
Seu coração batia em asiático,
mas, nas atitudes e na linguagem, era um grego.
Apliques turquesas na indumentária grega,
do corpo efluia o jasmim mais puro.
Destaque pela fermosura, pelo ideal,
entre a mocidade jônia, a mais garbosa.
Fizeram-no basileu,
durante o ingreso sírio na Capadócia.
Foi quando passou a renovar, dia a dia , seu desfrute,
obcecado acumulador de ouro e prata,
por puro regozijo e pavoneamento:
vislumbre do ofuscante acúmulo da fortuna!
Desconhecia as reais condições do país, alheio ao livro-caixa,
ignorava o sucedido a um palmo da vista.
Não tardou para os capadócios destituírem-no.
Desceu à Síria, instalou-se no palácio,
de Demetrio, onde deu vazão a seus pasatempos
Imerso no ócio de um dia qualquer,
pensamentos esquisitos aturdiram-no.
Rememorou: pelo lado materno Antioquida,
e pela centenária Estratonice,
algo da coroa da Síria lhe pertenecia;
era praticamente un selêucida.
Não mais luxurioso e divagante,
embora inábil e meio zonzo,
buscava uma saída,
um estratagema, um plano,
mas fracassou, reduziram-no a pó.
Em alguma página deveconstar seu epílogo;
ou a histrora (sávia!) o suprimiu,
tão pouco afeita ao registro de insignificâncias.
Orofernes é quem vês na moeda.
Seu legado: o fascínio da lindura juvenil,
a forma poética de um fulgor,
A remoração estética de um moco jônio.
Ei-lo, Orofernes, filho de Ariárates.
Konstantinos Kavafis: 60 poemas
Tradução: Trajano Vieira (Ateliê, 2007)
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