O poeta Teócrito de Siracusa (século III a.C.), num de seus idílios (XIII), faz o elogio do amor de Héracles pelo jovem Hilas, cujo pai fora morto pelo heroi; ele o acompanhou na expedição dos Argonautas, quando foi raptado pelas ninfas de uma fonte, que se apaixonaram por sua beleza. Dirigindo-se ao amigo –ou amante- Nícias, diz-lhe que eles, os mortais, não foram os primeiros a serem contemplados com o amor:
“O filho de Anfitrião (Héracles), o herói de coração duro que enfrentou um leão feroz ama também a um menino, o gracioso Hilas de belos cabelos encaracolados. Ele ensina-lhe tudo, como um pai a seu filho querido […]: ele nunca o abandona, nem à chegada do entardecer, nem quando a Aurora de brancos cabelos avança em direção a Zeus […]. Pois ele quer que o menino seja elevado segundo seu coração, e que, seguindo seu propio exemplo, ele se torne verdadeiramente um homem” […]
Na expedição da qual participava con seu amado Héracles, Hilas não deixou de servi-lo, como Ganimedes a Zeus: “Por seu lado, o loiro Hilas toma um vaso de bronze e vai procurar água para a refeição de Héracles e para o inabalável Telamon, os companheiros que comiam sempre à mesma mesa.”
Apaixonadas por sua beleza, as ninfas da água raptaram o jovem Hilas. Desesperados, Héracles buscou em toda a parte o seu amado, inutilmente: “Héracles, impaciente por reencontrar o jovem, saltava entre o enmaranhado de sarças, percorrendo várias regiões em seu busca.”
“Infelizes amantes! En suas buscas por entre as montanhas e florestas de carvalhos, quanta fatiga sofreu o herói”. Enraivecido, o herói fez diversos reféns que só libertou com a promessa destes procurarem por Hilas enternamente.
Amílcar Torrão Filho: Tríbades galantes, fanchonos militantes. Homossexuais que fizeram história (Ed. GLS, 2000)
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