25.12.08

ΑΝΤΙΝΟΟΣ

Image Hosted by ImageShack.us

ANTINOO
Fernando Pessoa

A chuva cai, e ele jaz
como alguém que de seu amor esqueceu todos os gestos
E jaz desperto à espera que regressem quentes.
Suas artes e brincos ora são ceo a Morte.
Humano gelo é este sem calor que o mova;
Estas cinzas de um lume não chama há que acenda.

Que ora será, Adriano, a tua vida fria ?
Quão vale ser senhor dos homens e das coisas ?
Sobre o teu império a ausência dele desce como a noite.
Nem há manhã na esperança de um deleite novo;
Ora de amor e beijos viúvas são as tuas noites;
Ora os dias privados de a noite esperar;
Ora os teus lábios não têm fito em gozos,
Dados ao nome só que a Morte casa
À solidão e à mágoa e ao temor

Tuas mãos tacteiam vagas alegria em fuga
Ouvir que a chuva cessa ergue-te a cabeça,
E o teu relance pousa no amorável jovem.
Desnudo ele jaz no memorado leito;
Por sua própria mão ele descoberto jaz.
Aí saciar cumpria-lhe teu senso frouxo,
Insaciá-lo, mais saciando-o, irritá-lo
Com nova insaciedade até sangrar teu senso.

Suas boca e mãos os jogos de repôr sabiam
Desejos que seguir te doía a exausta espinha.
Às vezes parecia-te vazio tudo
A cada novo arranco de chupado cio.
Então novos caprichos convocava ainda
À de teus nervos, carne, e tombavas, tremias
Nos teus coxins, o imo sentido aquietado.
.
(poesia originalmente escrita em inglês, tradução de Jorge de Sena)

1 σχόλιο:

Deus_grego είπε...

Antínoo (c. 110/112 - 130) foi amante do imperador romano Adriano.

Antínoo era natural da Bitínia (norte da Ásia Menor), mas os seus antepassados provinham, supostamente, da cidade árcade de Mantinéia, na Grécia continental.

É provável que Adriano tenha conhecido Antínoo durante uma visita à Bitínia e que o tenha levado consigo. Adriano era trinta e quatro anos mais velho que Antínoo (um adolescente), enquadrando-se a relação no modelo pederástico existente na Antiguidade Clássica. Aparentemente a relação não gerou qualquer tipo de escândalo na altura.

Em Outubro de 130, durante uma visita ao Egipto, Antínoo morreu afogado no rio Nilo, mas as circunstâncias em que o evento ocorreu são pouco claras.

É pouco provável que tenha sido assassinado por Adriano por motivos políticos, dado que o estatuto e origens do rapaz não representavam qualquer tipo de ameaça política ao imperador. Frequentemente defende-se que o próprio Antínoo ofereceu-se como sacrifício aos deuses, de modo a assegurar a prosperidade de Adriano. Na época o imperador passava por um mau período, marcado por problemas de saúde, revoltas em partes do Império Romano e seca e fome no Egipto. Adriano e Antínoo tinha sido iniciados nos mistérios de Elêusis, sendo provável que as suas vidas tenham tomado um carácter mais místico. No Egipto acreditava-se que a morte de um jovem no Nilo seria favorável à obtenção do favor dos deuses (sendo a pessoa associada a Osíris) e não era estranho ocorrerem mortes cerimoniais na época do ano em que Antínoo e Adriano visitaram o país. Outros autores sugerem que Antínoo pode ter cometido suicídio, dado que como tinha agora vinte anos, os seus encantos juvenis começariam a deixar de interessar ao imperador. Segundo as fontes da época, após a sua morte Adriano teria chorado como uma mulher.

Poucas semanas após a morte de Antínoo, Adriano decretou a sua deificação. O imperador ordenou a construção de uma nova cidade perto do local da sua morte, Antinópolis, no Alto Egipto, perto de Hermópolis (actualmente o local é denominado Sheikh Ibada). A divindade tutelar da cidade era um deus sincrético, resultado da fusão de Antínoo com Osíris. Por todo o Império Romano foram erguidas numerosas estátuas de Antínoo e na parte oriental do Império levantaram-se templos dedicados ao jovem. Foi dado o nome Antínoo a uma estrela e o imperador escreveu um epitáfio dedicado ao jovem, que mandou gravar num obelisco, que se encontra hoje nos Jardins do Pincio em Roma.

Adriano viveu ainda mais oito anos. Após a sua morte a sua relação com Antínoo foi utilizada contra si pelos seus detractores. Os primeiros autores cristãos também criticaram esta relação, que para eles era um exemplo da amoralidade patente do paganismo.

Ao longo dos séculos a figura de Antínoo serviu de inspiração à arte e à literatura, como mostra o poema Antínoo escrito em inglês por Fernando Pessoa. A vida de Antínoo com Adriano é retratada no romance Memórias de Adriano (no título original: Mémoires d'Hadrien) de Marguerite Yourcenar.

pt.wikipedia.org

Related Posts with Thumbnails