10.12.12

O ΑΓΙΟΣ ΣΕΒΑΣΤΙΑΝΟΣ




 
Yannis Tsarouchis (Grécia)


São Sebastião (França, 256 d.C. – 286 d.C.) originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano.
O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).
Festa litúrgica: 18 de Dezembro (Igreja Ortodoxa)

Vangelis Kyris (Grécia)

10.11.12

ΓΑΝΥΜΗΔΗΣ 1


Robert Graves: Grande Livro dos mitos gregos 
(Ediouro Publicações, 2008)

25.10.12

ΛΕΥΚΗ ΝΗΣΟΣ. Ο ΤΑΦΟΣ ΤΟΥ ΑΧΙΛΛΕΑ ΚΑΙ ΤΟΥ ΠΑΤΡΟΚΛΟΥ


Fidonisi ou Ilha das Serpentes (ucraniano: Острів Зміїний, Ostriv Zmiyinyy; romeno: Insula şerpilor; grego: Fidonisi, ilha das Serpentes), é uma pequena ilha calcária do Mar Negro, hoje território da Ucrânia, situada na zona de fronteira entre aquele país e a Roménia. A ilha tem apenas 0,17 km² de área, com uma configuração irregular com dimensões máximas de 662 m por 440 m. Tem cerca de 100 habitantes permanentes, a maioria pessoal da guarda fronteiriça ucraniana, dos serviços meteorológicos e de uma estação de estudos marinhos ligada à Universidade Nacional de Odessa. 
 Na Antiguidade Clássica a ilha era chamada pelos gregos Λευκή νήσος, Leuce (ilha Branca ou Lefki ), nome que os romanos traduziram para Alba, provavelmente devido à presença nas suas falésias de mármore e grés branco. Na ilha existiam grandes serpentes inofensivas que eram consideradas sagradas, o que deu origem ao seu nome posterior. 
Apesar de não ter habitantes permanentes, a ilha era pertença da colónia grega de Olbia, localidade situada nas proximidades da actual cidade de Odessa. Nela foi construído um dos maiores santuários dedicados ao herói acádio Aquiles, onde se dizia que as aves marinhas molhavam as asas no mar para vir com elas lavar o templo, razão pela qual ganhou o epíteto de Achilleis ("de Aquiles"). Desse tempo ainda restam ruínas de diversos templos de origem trácia dedicados a Apolo e foi assinalada a presença de ruínas submersas na costa da ilha. 



De acordo com um epítome do épico perdido de Arctino de Mileto sobre a Guerra de Tróia, os restos mortais de Aquiles e de Pátrocloforam levados para a ilha branca pela deusa Tétis, sendo aí depositados num santuário (Os aqueus [gregos em Troia] então enterraram Antíloco e dispuseram do corpo de Aquiles, enquanto Tétis (...) chorava seu filho, que ela depois tirou da pira e transportou para a Ilha Branca [nesos Leuke]). O pseudo-Apolodoro escreve, na Biblioteca (E5. 5) : A morte de Aquiles foi um duro golpe para o exército [grego]. Eles o enterraram [na ilha Branca ] com Pátroclo, misturando os ossos dos dois homens.
Acredita-se que as ruínas de um templo quadrado, com 30 m de lado, descobertas pelo capitão Kritzikly em 1823, sejam os restos do grande templo de Aquiles construído em memória desse feito. 
Ovídeo, que foi banido para Tomis, actual Constanţa, menciona a ilha nos seus escritos, tal como Ptolomeu e Estrabão. A ilha é descrita na Naturalis Historia de Plínio, o Velho (Livro IV.27.1). Foram descobertas na ilhas várias inscrições antigas, incluindo a cópia de uma proclamação da cidade de Olbia, datado do século IV a.C., que louva quem derrotou e expulsou da ilha sagrada os piratas que lá viviam. 
No ano 29 da nossa era a ilha passou a pertencer ao Império Romano, ficando integrada na província da Cítia Menor, área correspondente à actual Dobruja. Com a desagregação do Império Romano, a ilha ficou na posse do Império Romano do Oriente, mais conhecido pelo Império Bizantino. (pt.wikipedia.org)

10.10.12

ΖΕΥΓΑΡΙΑ ΑΝΔΡΩΝ ΣΤΟΥΣ ΣΤΡΑΤΟΥΣ ΤΗΣ ΑΡΧΑΙΑΣ ΕΛΛΑΔΑΣ

Quando se fala da homosexualidad nos exércitos da antiga Grécia se menciona principalmente à tropa sagrada tebana mas esta não é o único exemplo de práticas homoeróticas ou homossexuais entre os militares dos exércitos gregos. Eram frequentemente utilizadas tanto no adiestramiento e treinamento militar, como para manter a moral e fortalecer os laços e o espírito de combate da tropa em tempos de guerra. As práticas sexuais propriamente ditas estavam ámpliamente difundidas em todos dos exércitos, a importância deste costume na formação dos exércitos variava de umas cidades a outras e tinha especial relevância nas cidades de origem dorio, como regista Plutarco citando a Filipo II de Macedonia:
"Não só são os mais belicosos, os beocios, os espartanos e os cretenses senão que são as gentes mais proclives a esta classe de amor, como o eram os maiores heróis da antigüedad: Meleagro, Aquiles, Aristomenes, Cimón e Epaminondas."
Tanto historiadores como filósofos da antigüedad mencionam detalhes sobre a homosexualidad nos exércitos gregos como: Plutarco, Ateneo, Jenofonte, Platón (especialmente em Fedro ), Sócrates e Aristóteles. Platón destaca a efectividad e a força dos laços sexuais masculinos para derrocar aos tiranos em Atenas :
"Nossos próprios tiranos têm aprendido a amarga lição quando o amor entre Aristogitón e Harmodio cresceu tão forte que derrocou seu poder. Por isso onde queira que governam esta classe de malvados soberanos estabelecem que é vergonzoso se implicar em relações sexuais com outros homens para manter acobardados a seus governados."
Em Fedro
afirma que o poder das relações sexuais entre homens incrementa a valentia dos militares:
"... preferiria morrer muitas vezes, dantes que abandonar ao que ama em um problema, ou não socorrer em um perigo. Nenhum homem é tão covarde que a influência do amor não possa infundirle o valor que lhe iguale ao nascido mais valente."
Jenofonte ainda que alaba as relações em si, critica os exércitos que fazem delas a principal base de sua formação:
"Dormem com os que amam, inclusive os põem junto a eles na batalha... neles (os elios etebanos) é um costume, em nós uma desgraça... colocar a teu amado junto a ti parece um signo de desconfiança... como os espartanos... há que fazer de nossos amados tal modelo de perfección que inclusive se os colocamos em frente aos estrangeiros os prefiram dantes que aos seus e se envergonhem por abandonar sua companhia"
Notáveis guerreiros da antiga Grécia mantiveram relações com outros homens, dos que há registos mencionando sua relação são:
• Aristomenes — Príncipe de Mesenia e Arcadia
• Cimón — líder da armada ateniense durante a guerra contra os persas.
• Epaminondas geral de Tebas e Capisdoros foram enterrados juntos depois de morrer na batalha de Mantineia , algo que ser reservava aos esposos.
• Asópico — guerreiro também amante de Epaninondas.
• Cleomaco — liderou a Calcis na Guerra Lelantina e introduziu a pederastia na área.
• Pamenes — geral que asuminó o comando depois de Epaminondas.
• Terón — guerreiro de Tesalia.
• Harmodio e Aristogitón— os tiranicidas que permitiram a instauración da democracia em Atenas.
• Pelópidas — geral do batalhão sagrada tebana
• Górgidas — fundador da tropa sagrada tebana
• Meleagro — comandante da infantería de Alejandro Magno
• Alejandro Magno e Hefestión — o príncipe de Macedonia e seu general eram amantes. Diz-se que a morte em batalha de Hefestión pôde ser a causa que produziria posteriormente a morte do próprio Alejandro.
 pt.encydia.com

25.9.12

ΝΕΑ ΜΕΤΑΦΡΑΣΗ ΠΟΙΗΜΑΤΩΝ ΤΟΥ Κ.Π. ΚΑΒΑΦΗ ΣΤΑ ΠΟΡΤΟΓΑΛΙΚΑ


Tradução do alexandrino Konstantinos Kaváfis recoloca autor em cena 
Trabalho feito por Haroldo de Campos retoma discussão sobre poeta grego 
Antonio Gonçalves Filho (O Estado de S. Paulo, 31/8/2012) 
A primeira tradução publicada no Brasil do principal nome da poesia grega contemporânea, Konstantinos Kaváfis (1863-1933), foi feita há 50 anos no Suplemento Literário do Estado pelo poeta, ensaísta e dramaturgo português Jorge de Sena (1919-1978). Sua tradução do poema À Espera dos Bárbaros - veja os primeiros versos nesta página - antecedeu outras duas, as dos poetas José Paulo Paes (1926-1998) e Haroldo de Campos (1929-2003). A do último integra o livro A Poesia de Konstantinos Kaváfis (Cosac Naify), que chega às livrarias na terça-feira e foi organizado por outro poeta e tradutor do mestre alexandrino, Trajano Vieira. São 17 poemas "transcriados", como o concretista gostava de se referir às suas traduções - entre eles, alguns dos mais conhecidos do cânon de Kaváfis (como Ítaca). 
 Reprodução Poeta foi ousado ao reunir erudição e cultura popular em seus versos Rigoroso, Konstantinos Kaváfis nunca reuniu em livro os 154 poemas desse cânon. Trabalhou neles a vida toda, reelaborando-os e publicando alguns em folhas soltas ou revistas literárias. Os poemas só seriam publicados em 1935, dois anos após sua morte. Traduzidos para o inglês graças ao escritor E.M. Foster (Passagem para a Índia), eles seriam vertidos para o francês por Marguerite Yourcenar (Memórias de Adriano) - e foi essa versão que José Paulo Paes leu, em 1964, e adotou como referência no livro Poemas (José Olympio). Haroldo de Campos preferiu recorrer à edição do professor grego Giorgios Savídis, que comprou em Atenas em 1975.  
Nos últimos anos de sua vida, o poeta concreto vinha trabalhando na tradução do poeta alexandrino, conta Trajano Vieira. Sem conhecimento do grego moderno, foi por meio do grego clássico, das traduções disponíveis em português (entre elas as de Jorge de Sena e a do psicanalista e crítico Theon Spanudis, de 1978, a única feita a partir do original) que ele restituiu "poundianamente" o idioma poético de Kaváfis. Sua opção diverge das demais traduções: ele força arbitrariamente o texto poético do alexandrino para extrair dele a melopeia e "fingir" a sonoridade grega desse poeta cosmopolita, nascido em Alexandria, educado em Londres e helênico por afinidade com o mundo clássico. 
Se José Paulo Paes, mesmo orientado pela tradução de Marguerite Yourcenar - em prosa e pouco fiel aos valores formais de Kaváfis -, respeitou o esquema métrico e estrófico do original, Haroldo de Campos seguiu em direção oposta: as rimas e as simetrias do alexandrino são repensadas para se adaptar ao espaço poético criado pelo concreto. E Campos traduz, por exemplo, "nómos" por norma, e não por lei, em À Espera dos Bárbaros, além de usar com liberdade as transliterações ("autokrátor" vira "autocrátor", e não imperador). O que Pound definia como logopeia ("a dança do intelecto entre as palavras") encontra em Haroldo de Campos seu mais anárquico dançarino, a ponto de enxertar Carlos Drummond de Andrade (homofóbico) num poema de Kaváfis, homossexual nada discreto - e a cinebiografia assinada em 1996 por Yannis Smaragdis, infelizmente, só se interessa por esse lado do poeta. 



 Kaváfis sentia-se incomodado por essa condição. No poema Muralha (ausente do livro de Haroldo, mas traduzido por José Paulo Paes como Muro), ele se queixa da discriminação sofrida por seus pares, denunciando a homofobia como razão de ser um proscrito. Decadentista, foi comparado a Oscar Wilde, mas o fato é que, ao contrário do escritor irlandês, não se dedicou a criticar a sociedade da qual fez parte. Filho da alta burguesia alexandrina - o pai era comerciante de algodão e trigo -, Kaváfis foi um conservador, mesmo quando o patriarca morreu e um dos irmãos afundou a família em dívidas, obrigando o poeta a virar burocrata no Departamento de Irrigação. 
 A despeito de seu conservadorismo político, Kaváfis foi ousado, ao unir erudição e cultura popular em seus poemas, que remontam subjetivamente a história da Grécia clássica. O poeta desprezava sua época por considerá-la indigna da mitologia helênica - ainda que esta fosse a fantasia de alguém com nostalgia do mundo bárbaro, em tudo oposto ao pragmatismo moderno. Kaváfis era assim, uma contradição ambulante, que ora fazia o elogio do bom senso, do controle dos sentidos, para segundos depois cair no fundo poço dos prazeres sensuais. Entre o ascetismo e o hedonismo, o poeta ficava com os dois. Era um Jano com a cabeça sintonizada na tradição ortodoxa (ele adorava os ritos da igreja, mas só a pompa) e o resto do corpo na desenfreada sensualidade pagã. 
 Haroldo de Campos escreveu um poema para Kaváfis (O Poeta Alexandrino, que abre o livro) em que o vê, já velho, olhando para o passado e voltando a uma Ítaca muito particular, repleta de corpos bronzeados. Campos, à beira da morte, define a si mesmo como um velho mirando outro velho numa taverna um tanto escura onde se bebe absinto entre narguilés e prostitutas (os). De fato, como observou o poeta e ensaísta uruguaio Víctor Sosa, do histórico ao privado, há apenas um passo que leva ao erótico em Kaváfis. Não podendo reviver o passado, o mundo arcaico, ele rememora o prazer sensual a partir do exílio da escritura, recebendo a tradição helênica pela reinterpretação europeia, o que explicaria sua ambiguidade e seu filopaganismo romântico. 
"Neoclássico seria uma definição imprecisa para ele, pois Kaváfis valoriza a perfeição plástica de um personagem para logo em seguida submetê-lo a um processo de corrosão e decadência", conclui Trajano Vieira. 

POEMAS DE KONSTANTINOS KAVÁFIS 
Tradução: Haroldo de Campos 
Organização: Trajano Vieira 
Editora: Cosac Naify

10.9.12

ΟΙ ΜΕΡΕΣ ΤΟΥ ΣΕΠΤΕΜΒΡΗ ΤΟΥ 1903

DIAS DE 1903

Não os achei mais – os tão rapidamente perdidos....
os olhos poéticos, o pálido
rosto.... no anoitecer da rua....

Não mais os achei – os conquistados por pura sorte,
que tão facilmente abandonei;
e que depois quis com agonia.
Os olhos poéticos, o pálido rosto,
aqueles lábios não mais os achei.

Vangelis Kyris (Grécia)

DEZEMBRO DE 1903

E se sobre meu amor não posso contar –
se não falo de teus cabelos, dos lábios, dos olhos;
teu rosto, porém, que guardo em minha alma,
o som de tua voz que guardo em minha mente,
os dias de Setembro que raiam em meus sonhos,
minhas frases e palavras modelam e coloremem
qualquer tema que eu passe, qualquer ideia que diga.

Konstantinos Kavafis / Grécia

10.8.12

ΓΥΜΝΟΣ ΩΣ ΕΛΛΗΝ 2

Modelo: Marios Lekkas (Grecia)

25.7.12

ΓΥΜΝΟΣ ΩΣ ΕΛΛΗΝ 1


Ilias Petrakis
fotografia: Costas Avgoulis (Grécia)
desehnos: Jean Cocteau

10.7.12

ΦΕΣΤΙΒΑΛ ΥΠΕΡΗΦΑΝΕΙΑΣ 2012

Atenas, Orgulho LGBT 2012


Salonica, Orgulho LGBT 2012

25.6.12

Mr GAY ΕΛΛΑΣ 2012 - Mr GAY ΚΥΠΡΟΣ 2012

MISTER GAY GRÉCIA: Argiris Christakis
MISTER GAY CHIPRE: Kiri Spanos

10.6.12

ΣΥΜΠΟΣΙΟ 4


Edwin F. Townsend

“Na verdade, Erixímaco, disse Aristófanes, é de outro modo que tenho a intenção de falar, diferente do teu e do de Pausânias.
Com efeito, parece-me os homens absolutamente não terem percebido o poder do amor, que se o percebessem, os maiores templos e altares lhe preparariam, e os maiores sacrifícios lhe fariam, não como agora que nada disso há em sua honra, quando mais que tudo deve haver. É ele com efeito o deus mais amigo do homem, protetor e médico desses males, de cuja cura dependeria sem dúvida a maior felicidade para o gênero humano. Tentarei eu portanto iniciar-vos em seu poder, e vós o ensinareis aos outros. Mas é preciso primeiro aprenderdes a natureza humana e as suas vicissitudes. Com efeito, nossa natureza outrora não era a mesma que a de agora, mas diferente. Em primeiro lugar, três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa; andrógino era então um gênero distinto, tanto na formacomo no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino, enquanto agora nada mais é que um nome posto em desonra. Depois, inteiriça era a forma de cada homem, com o dorso redondo, os flancos em círculo; quatro mãos ele tinha, e as pernas o mesmo tanto das mãos, dois rostos sobre um pescoço torneado, semelhantes em tudo; mas a cabeça sobre os dois rostos opostos um ao outro era uma só, e quatro orelhas, dois sexos, e tudo o mais como desses exemplos se poderia supor. E quanto ao seu andar, era também ereto como agora, em qualquer das duas direções que quisesse; mas quando se lançavam a uma rápida corrida, como os que cambalhotando e virando as pernas para cima fazem uma roda, do mesmo modo, apoiando-se nos seus oito membros de então, rapidamente eles se locomoviam em círculo. Eis por que eram três os gêneros, e tal a sua constituição, porque o masculino de início era descendente do sol, o feminino da terra, e o que tinha de ambos era da lua, pois também a lua tem de ambos; e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantes genitores. Eram por conseguinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grande presunção eles tinham; mas voltaramse contra os deuses, e o que diz Homero de Efialtes e de Otes é a eles que se refere, a tentativa de fazer uma escalada ao céu, para investir contra os deuses. Zeus então e os demais deuses puseram-se a deliberar sobre o que se devia fazer com eles, e embaraçavam-se; não podiam nem matá-los e, após fulminá-los como aos gigantes, fazer desaparecer-lhes a raça - pois as honras e os templos que lhes vinham dos homens desapareceriam — nem permitir-lhes que continuassem na impiedade. Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: “Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos. Agora com efeito, continuou, eu os cortarei a cada um em dois, e ao mesmo tempo eles serão mais fracos e também mais úteis para nós, pelo fato de se terem tomado mais numerosos; e andarão eretos, sobre duas pernas. Se ainda pensarem em arrogância e não quiserem acomodar-se, de novo, disse ele, eu os cortarei em dois, e assim sobre uma só perna eles andarão, saltitando.”
Logo que o disse pôs-se a contar os homens em dois, como os que cortam as sorvas para a conserva, ou como os que cortam ovos com cabelo; a cada um que cortava mandava Apolo voltarlhe o rosto e a banda do pescoço para o lado do corte, a fim de que, contemplando a própria mutilação, fosse mais moderado o homem, e quanto ao mais ele também mandava curar. Apolo torcia-lhes o rosto, e repuxando a pele de todos os lados para o que agora se chama o ventre, como as bolsas que se entrouxam, ele fazia uma só abertura e ligava-a firmemente no meio do ventre, que é o que chamam umbigo. As outras pregas, numerosas, ele se pôs a polir, e a articular os peitos, com um instrumento semelhante ao dos sapateiros quando estão polindo na forma as pregas dos sapatos; umas poucas ele deixou, as que estão à volta do próprio ventre e do umbigo, para lembrança da antiga condição. Por conseguinte, desde que a nossa natureza se mutilou em duas, ansiava cada um por sua própria metade e a ela se unia, e envolvendo-se com as mãos e enlaçando-se um ao outro, no ardor de se confundirem, morriam de fome e de inércia em geral, por nada quererem fazer longe um do outro. E sempre que morria uma das metades e a outra ficava, a que ficava procurava outra e com ela se enlaçava, quer se encontrasse com a metade do todo que era mulher - o que agora chamamos mulher — quer com a de um homem; e assim iam-se destruindo. Tomado de compaixão, Zeus consegue outro expediente, e lhes muda o sexo para a frente - pois até então eles o tinham para fora, e geravam e reproduziam não um no outro, mas na terra, como as cigarras; pondo assim o sexo na frente deles fez com que através dele se processasse a geração um no outro, o macho na fêmea, pelo seguinte, para que no enlace, se fosse um homem a encontrar uma mulher, que ao mesmo tempo gerassem e se fosse constituindo a raça, mas se fosse um homem com um homem, que pelo menos houvesse saciedade em seu convívio e pudessem repousar, voltar ao trabalho e ocupar-se do resto da vida. E então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portanto é uma téssera complementar de um homem, porque cortado como os linguados, de um só em dois; e procura então cada um o seu próprio complemento. Por conseguinte, todos os homens que são um corte do tipo comum, o que então se chamava andrógino, gostam de mulheres, e a maioria dos adultérios provém deste tipo, assim como também todas as mulheres que gostam de homens e são adúlteras, é deste tipo que provêm.
Todas as mulheres que são o corte de uma mulher não dirige muito sua atenção aos homens, mas antes estão voltadas para as mulheres e as amiguinhas provêm deste tipo. E todos os que são corte de um macho perseguem o macho, e enquanto são crianças, como cortículos do macho, gostam dos homens e se comprazem em deitar-se com os homens e a eles se enlaçar, e são estes os melhores meninos e adolescentes, os de natural mais corajoso. Dizem alguns, é verdade, que eles são despudorados, mas estão mentindo; pois não é por despudor que fazem isso, mas por audácia, coragem e masculinidade, porque acolhem o que lhes é semelhante. Uma prova disso é que, uma vez amadurecidos, são os únicos que chegam a ser homens para a política, os que são desse tipo. E quando se tornam homens, são os jovens que eles amam, e a casamentos e procriação naturalmente eles não lhes dão atenção, embora por lei a isso sejam forçados, mas se contentam em passar a vida um com o outro, solteiros. Assim é que, em geral, tal tipo torna-se amante e amigo do amante, porque está sempre acolhendo o que lhe é aparentado. Quando então se encontra com aquele mesmo que é a sua própria metade, tanto o amante do jovem como qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento. E os que continuam um com o outro pela vida afora são estes, os quais nem saberiam dizer o que querem que lhes venha da parte de um ao outro. A ninguém com efeito pareceria que se trata de união sexual, e que é porventura em vista disso que um gosta da companhia do outro assim com tanto interesse; ao contrário, que uma coisa quer a alma de cada um, é evidente, a qual coisa ela não pode dizer, mas adivinha o que quer e o indica por enigmas. Se diante deles, deitados no mesmo leito, surgisse Hefesto e com seus instrumentos lhes perguntasse: Que é que quereis, ó homens, ter um do outro?, e se, diante do seu embaraço, de novo lhes perguntasse: Porventura é isso que desejais, ficardes no mesmo lugar o mais possível um para o outro, de modo que nem de noite nem de dia vos separeis um do outro? Pois se é isso que desejais, quero fundir-vos e forjar-vos numa mesma pessoa, de modo que de dois vos tomeis um só e, enquanto viverdes, como uma só pessoa, possais viver ambos em comum, e depois que morrerdes, lá no Hades, em vez de dois ser um só, mortos os dois numa morte comum; mas vede se é isso o vosso amor, e se vos contentais se conseguirdes isso. Depois de ouvir essas palavras, sabemos que nem um só diria que não, ou demonstraria querer outra coisa, mas simplesmente pensaria ter ouvido o que há muito estava desejando, sim, unir-se e confundir-se com o amado e de dois ficarem um só. O motivo disso é que nossa antiga natureza era assim e nós éramos um todo; é portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de amor. Anteriormente, como estou dizendo, nós éramos um só, e agora é que, por causa da nossa injustiça, fomos separados pelo deus, e como o foram os árcades pelos lacedemônios; é de temer então, se não formos moderados para com os deuses, que de novo sejamos fendidos em dois, e perambulemos tais quais os que nas estelas estão talhados de perfil, serrados na linha do nariz, como os ossos que se fendem.
Pois bem, em vista dessas eventualidades todo homem deve a todos exortar à piedade para com os deuses, a fim de que evitemos uma e alcancemos a outra, na medida em que o Amor nos dirige e comanda. Que ninguém em sua ação se lhe oponha - e se opõe todo aquele que aos deuses setorna odioso - pois amigos do deus e com ele reconciliados descobriremos e conseguiremos o nosso próprio amado, o que agora poucos fazem. E que não me suspeite Erixímaco, fazendo comédia de meu discurso, que é a Pausânias e Agatão que me estou referindo talvez também estes se encontrem no número desses e são ambos de natureza máscula mas eu no entanto estoudizendo a respeito de todos, homens e mulheres, que é assim que nossa raça se tornaria feliz, se plenamente realizássemos o amor, e o seu próprio amado cada um encontrasse, tornado à sua primitiva natureza. E se isso é o melhor, é forçoso que dos casos atuais o que mais se lheavizinha é o melhor, e é este o conseguir um bem amado de natureza conforme ao seu gosto; e
se disso fôssemos glorificar o deus responsável, merecidamente glorificaríamos o Amor, que agora nos é de máxima utilidade, levando-nos ao que nos é familiar, e que para o futuro nos dá as maiores esperanças, se formos piedosos para com os deuses, de restabelecer-nos em nossa primitiva natureza e, depois de nos curar, fazer-nos bem aventurados e felizes.
Eis, Erixímaco, disse ele, o meu discurso sobre o Amor, diferente do teu. Conforme eu te pedi, não faças comédia dele, a fim de que possamos ouvir também os restantes, que dirá cada um deles, ou antes cada um dos dois; pois restam Agatão e Sócrates."

Platão: O Banquete

25.5.12

ΣΥΜΠΟΣΙΟ 3

Paul Freeman (Austrália)

Pausânias: [...] daí então é que se voltam ao que é másculo os inspirados deste amor, afeiçoando-se ao que é de natureza mais forte e que tem mais inteligência. E ainda, no próprio amor aos jovens poder-se-iam reconhecer os que estão movidos exclusivamente por esse tipo de amor;não amam eles, com efeito, os meninos, mas os que já começam a ter juízo, o que se dá quando lhes vêm chegando as barbas. Estão dispostos, penso eu, os que começam desse ponto, a amar para acompanhar toda a vida e viver em comum, e não a enganar e, depois de tomar o jovem em sua inocência e ludibriá-lo, partir à procura de outro. Seria preciso haver uma lei proibindo que se amassem os meninos, a fim de que não se perdesse na incerteza tanto esforço; pois é na verdade incerto o destino dos meninos, a que ponto do vicio ou da virtude eles chegam em seu corpo e sua alma. Ora, se os bons amantes a si mesmos se impõem voluntariamente esta lei, devia-se também a estes amantes populares obrigá-los a lei semelhante, assim como, com as mulheres de condição livre, obrigamo-las na medida do possível a não manter relações amorosas. São estes, com efeito, os que justamente criaram o descrédito, a ponto de alguns ousarem dizer que é vergonhoso o aquiescer aos amantes; e assim o dizem porque são estes os que eles consideram, vendo o seu despropósito e desregramento, pois não é sem dúvida quando feito com moderação e norma que um ato, seja qual for, incorreria em justa censura.

Platão: Simpósio

10.5.12

ΒΑΓΓΕΛΗΣ ΚΥΡΗΣ. ΜΕ ΤΟΝ ΤΡΟΠΟ ΤΟΥ ΤΣΑΡΟΥΧΗ 2





pintura: Yannis Tsarouchis (Grécia)
fotografia: Vangelis Kyris (Grécia)
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