10.5.09

ΛΑΝΗ ΤΑΦΟΣ

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Túmulo de Lânis
.
Lânis, Marco, senhor de tua querência,
não ocupa o sepulcro onde, horas a fio,
pranteias. Perto de ti o preservas,
no claustro de tua morada, quando miras sua imagem:
ela retém algo de seu valor intrínseco,
ela retém algo do teu deleite.
Recordas, Marco, que requisitaste a presença
de Cirene, o pintor, radicado no solar do procônsul,
dono de um variegado rol de sutilezas,
e que, à visão de teu amigo, ele intentou convencer-te
a retratá-lo, com máxima fidelidade, tal qual Jacinto,
recurso que imortalizaria sua pintura?
Mas teu Lânis não cedia sua beldade assim,
e, inflexível em sua negativa, foi taxativo
ao vetar a reprodução jacíntia ou qualquer outra
que não fosse de Lânis, filho de Ramético, alexandrino.

Konstantinos Kavafis: 60 poemas (Ateliê Editorial)
Trad.: Trajano Vieira
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1 σχόλιο:

Deus_grego είπε...

KONSTANTINOS KAVAFIS: 60 POEMASM (Ateliê Editorial)
Trad.: Trajano Vieira

Esta coletânea com 60 poemas de Konstantinos Kaváfis, selecionados e traduzidos por Trajano Vieira, busca oferecer ao leitor de língua portuguesa algo da sutileza coloquial do autor grego. Normalmente, o poeta é vertido em nossa língua de maneira prosaica, e tanto os efeitos de sua ironia quanto a caracterização requintada dos personagens que figuram em seus textos ficam obscurecidos pela dicção desatenta ao estilo original. Preserva-se, assim, muito pouco de seu espírito alexandrino. Desconsidera-se o fato de o autor desdenhar dos falsos artistas da palavra, caracterizados como verborrágicos e prolixos. Particularmente a seu respeito, caberia a indagação mallarmaica: o que resta da poesia abolida sua linguagem?
Há algo de Borges em Kaváfis, sobretudo na maneira ambígua de ele conferir verossimilhança histórica aos personagens. A impossibilidade de se impor ao curso da história produz tipos excêntricos, às vezes fantasmagóricos, às vezes cínicos, insubmissos aos desejos impetuosos.
Nesse sentido, ler Kaváfis é uma provocação permanente, pois ele fala do que permaneceu marginal à memória. E a ironia nasce justamente da consciência que os personagens têm de sua posição deslocada, do não-lugar que ocupam. O sensualismo que eles manifestam nesse panorama, que resulta enigmático pelo cruzamento de tradições, é um aspecto fundamental da produção kavafiana, recuperado na tradução.

Konstantinos Kaváfis nasceu em Alexandria, no Egito, morou na Inglaterra e na Turquia, antes de retornar à cidade natal, onde trabalhou como funcionário do Ministério de Obras Públicas, morrendo em 1933.
Trajano Vieira é doutor em literatura grega pela USP e professor no IEL da Unicamp. Publicou, entre outros, Édipo Rei de Sófocles e Édipo em Colono de Sófocles. Colaborou com Haroldo de Campos, em sua tradução da Ilíada de Homero, encarregando-se da organização dessa obra.

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