1.3.08

ΕΠΗΓΑ

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FUI
Não me prendi. Entreguei-me completamente e fui.
Para os deleites que, metade reais,
metade revolvidos em meu cérebro estavam,
fui, em plena noite iluminada.
E bebi dos vinhos fortes, assim como
bebem os destemidos do prazer.
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Konstantinos Kaváfis / Grécia
(Trad. Ísis Borges da Fonseca. São Paulo: Odysseus, 2006)

2 σχόλια:

Deus_grego είπε...

Konstantinos Kavafis
Constantine P. Cavafy (Kavafis), nasceu em Alexandria (Egipto) em 1863. O seu pai morreu em 1870, deixando a família em precária situação financeira. A sua mãe e os seus seis irmãos mudaram-se para Inglaterra dois anos depois. Devido à má administração dos bens da família por parte de um dos filhos, a família foi forçada a regressar a Alexandria, na pobreza.

Os sete anos que Kavafis passou em Inglaterra foram importantes na formação da sua sensibilidade poética. O seu primeiro verso foi escrito em inglês (assinando 'Constantine Cavafy'), e o seu subsequente trabalho poético demonstra uma familiaridade substancial com a tradição poética inglesa, em particular as obras de Shakespeare, Browning e Oscar Wilde.

Os anos que se seguiram, de regresso a Alexandria, representaram tempos de pobreza e desconforto, mas revelaram-se igualmente significativos no desenvolvimento da sensibilidade de Kavafis. Este escreveu os seus primeiros poemas - em inglês, francês e grego - durante este tempo, em que aparentemente também teve as primeiras relações homossexuais.
Tendo trabalhado durante 30 anos na Bolsa de Valores Egípcia, Kavafis permaneceu em Alexandria até à sua morte, que ocorreu em 1933, por motivo de cancro da laringe. Sabe-se que recebeu a sagrada comunhão da Igreja Ortodoxa pouco antes de morrer e que o seu último gesto foi desenhar um círculo numa folha branca e depois colocar um ponto no meio do círculo.
Pelos contornos da sua história fragmentária, poder-se-ia dizer que a vida mais rica de Kavafis seria a vida interior sustentada pelas suas relações pessoais e pela sua criatividade artística.
Embora Kavafis tenha conhecido inúmeros homens das letras durante as suas viagens a Atenas, não recebeu o total apreço dos letrados atenienses senão aquando da publicação da sua colectânea de poemas em 1935. Parece provável que a sua importância tenha permanecido relativamente irreconhecida antes da sua morte precisamente pelas mesmas razões que hoje o estabelecem como um dos mais originais e influentes poetas gregos do século XX: o seu irredutível desapreço, na idade adulta, pela retórica que então prevalecia entre os poetas da Grécia continental; a sua quase prosaica frugalidade no uso de figuras de estilo e metáforas; a sua constante evocação de ritmos falados e coloquialismos; a sua franca e avant-garde abordagem dos temas homossexuais; a sua re-introdução dos modos epigramático e dramático que haviam permanecido largamente abandonados desde os tempos helenísticos; o seu frequentemente esotérico mas brilhantemente vivo sentido de história; a sua dedicação ao Helenismo, aliada a um estatuo cinismo relativamente à política; o seu perfeccionismo estético; a sua criação de um mundo ricamente mítico durante a sua idade adulta. Estes tributos, possivelmente pouco valorizados na sua época, hoje estão indubitavelmente entre os que lhe garantirão um lugar duradouro na tradição literária do mundo ocidental.

(lugardaspalavras.no.sapo.pt)

Deus_grego είπε...

Konstantinos Kaváfis, nascido e falecido em Alexandria, no Egito, (1863-1933) é um dos mais fascinantes, mas também um dos mais desconcertantes poetas da poesia grega moderna. Esse homem solitário, que, nas palavras de Kazantzákis, realizou “a proeza da arte, orgulhosa e silenciosamente, e submeteu a curiosidade, a ambição e a sensualidade ao ritmo severo de uma ascese epicuréia”, deixou uma obra rara, minuciosa e quantitativamente pequena: apenas 154 poemas breves. Mas, no escrever esses poemas e retocá-los obstinadamente até a forma com que desejou que se tornassem conhecidos do mundo, criou uma das obras poéticas mais originais do século XX.

De fato, alguns de seus poemas parecem pertencer ao domínio da alquimia, uma vez que na sua elaboração ele utiliza, simultânea e indistintamente, tanto citações de poetas ou filósofos antigos, fragmentos de inscrições funerárias, crônicas helenísticas ou bizantinas, quanto notações ou expressões tomadas de empréstimo da língua cotidiana, transformando em poesia ingredientes fundamentalmente não-poéticos, de origem prosaica. Na verdade, Kaváfis encontra-se na fronteira em que a poesia se despoja e confina com a prosa.

Temível fronteira que separa e ao mesmo tempo une a prosa e a poesia, tão impalpável e tênue em sua obra quanto um fio estendido entre dois abismos, no qual o tradutor deve se arriscar à maneira de um equilibrista! É isso que torna tão difícil, em todo caso, tão aleatória, qualquer tradução de Kaváfis: o equilíbrio a ser mantido entre as notações, enunciados, citações ou fragmentos prosaicos que entremeiam seus poemas e o próprio poema, constituído muitas vezes de materiais não-poéticos, como acuradamente notou Lacarrière.

Igualmente sensível a essa notação, a tradução de Ísis Borges da Fonseca, filia-se à corrente que considera que a poesia kavafiana não se distingue nem pela musicalidade nem pelos meios habituais de expressão, julgando-a antes como uma poesia que se assemelha à prosa, cuja força estética dimana sobretudo de seu interior, e cuja expressão peculiar, como assinalou Pontani, é de caráter muito mais dramático que lírico.

Seu grande mérito foi o de ter vertido fielmente todo o conteúdo dos poemas graças ao seu extraordinário domínio do grego antigo bem como da língua neo-helênica possibilitando ao leitor brasileiro um contato direto com o sentido exato de cada palavra ou expressão, cruciais para a compreensão do pensamento e da refinada artesania de um dos poetas mais célebres da Grécia moderna; pois, como afirmou Kazantzákis, “o verso de Kaváfis aparentemente improvisado, mas sabiamente elaborado, sua linguagem deliberadamente antinômica, sua rima despretensiosa formam o único corpo que podia fielmente envolver e revelar sua alma. Corpo e alma em seus poemas constituem uma unidade. Raramente na história da literatura grega houve uma tal unidade tão organicamente perfeita”.

editora Odysseus

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